Na manhã de quinta-feira passada encontrei um amigo no caminho para o trabalho. Amargurado, ele senta ao meu lado, suspira, olha pra mim depois do meu “good morning, my friend!” e diz: “Claudia, você é irritante! Todos os dias pela manhã quando te encontro, você está sorrindo como se estivesse indo a uma festa e não para o trabalho. E eu aqui, agoniado com tanta coisa para fazer, ansioso, estressado e você: Good morning my friend!”. Apenas segurei a mão do meu querido amigo, inspirei profundamente e dei a ele o olhar mais carinhoso do mundo. Palavras não o confortariam, pensei. Seguimos de mãos dadas até o seu escritório e lhe dei um abraço e lhe disse, “faça o dia ser bom para você!” Caminhei para a minha sala, abri a porta, olhei para a minha agenda, meu computador e ao me sentar, sou interrompida pelo knock, knock: Dr. G it is time!
Lá vou eu para a minha primeira aula do dia: 50 alunos e minha monitora de plantão. Naquele momento, a agenda, o computador, os currículos e todo o resto se dissolveram naquilo que o meu trabalho é de verdade: transformar a vida das pessoas, dando a elas instrumentos para realizarem seus sonhos ou seus objetivos profissionais. E o que eu faço, se tornou muito maior, do que pensar no “trabalho”. O que eu faço é a realização do meu sonho: preparar professores para educarem outras pessoas e serem também transformadores de vidas. Por isso, sempre que venho para meu local de trabalho, estou indo para um dos lugares onde faço uma das coisas mais interessantes da minha vida, e é claro que vou sorrindo.
Hoje, tenho a clareza de que o lugar nada tem a ver com o que eu faço, pois minha contribuição vai além do nome da instituição a que sirvo ou daquele imenso lugar chamado acadêmico, seja ele científico ou profissional. O que está na frente e o que faz sentido é o inanimado, não palpável, mas dinâmico e altamente poderoso: o encontro entre a curiosidade e o achado. Sou extremamente curiosa com relação aos meus alunos e os incentivo a resgatar sua própria curiosidade. Minha realização acontece em diferentes momentos: aquele exato momento em que vejo cada aluno descobrindo seu talento para ensinar ao outro, e aquele segundo em que depois de dias, horas debruçados em dados intermináveis os alunos encontram respostas nas suas investigações científicas. Existe um brilho no olhar que é indescritível e está aí a realização do meu trabalho: a beleza da descoberta do outro de sua potencialidade de ser agente no mundo.
A academia já me premiou com tudo que eu poderia obter nesta jornada, mas o maior prêmio mesmo obtenho quando recebo um “Thank you Dr. G!”
Nunca corri atrás de uma prdução desenfreada e sem sentido, quero que minhas pesquisas sejam usadas como instrumento de transformação, que contribuam com profissionais que desejam um mundo melhor, mais humano, mais saudável, mais sensível à beleza e aos princípios de dignidade e respeito. Um trilhar firme dentro daquilo que acreditamos, garante as aventuras dos caminhos.
Por hora e por agora: Ando devagar porque ja tive pressa e levo este sorriso porque ja sofri demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe. Só levo a ceterza de que muito pouco eu sei, ou nada sei (Almir Sater).